Tudo o que você precisa saber sobre reserva de emergência!
Quem busca melhorar o controle do seu orçamento pessoal pra guardar um dinheiro extra logo se depara com a ideia de criar uma reserva de emergência. Em alguns casos, a tarefa pode até parecer desafiadora — mas com algumas mudanças de hábito, é possível alcançar esse objetivo.
Ainda assim, é natural que você tenha dúvidas. Afinal, qual é a finalidade da reserva? Qual a importância de ter uma? Vale mesmo a pena pra quem busca transformar uma renda extra em um investimento no futuro? Qual deve ser o tamanho e onde guardá-la?
Criamos este conteúdo especial pra responder detalhadamente a essas e outras perguntas sobre o tema, ajudando você a ter mais sucesso na gestão do seu dinheiro. Confira!
O que é uma reserva de emergência?
A reserva de emergência, como o próprio nome sugere, é um valor guardado pra situações imprevistas e outros gastos que não estavam no planejamento. Essa reserva financeira é uma margem de segurança pra quem busca utilizar com mais eficiência seu orçamento pessoal.
Ainda assim, não é tanta gente assim no Brasil que faz uso desse recurso. Segundo uma pesquisa divulgada em outubro de 2019 pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), por exemplo, metade dos consumidores precisaram recorrer ao serviço de crédito em agosto daquele ano.
Isso demonstra uma prática muito comum, mas não tão vantajosa: as pessoas não costumam manter uma reserva de emergência e, por isso, precisam recorrer a empréstimos quando a necessidade aparece. O ponto é que todos nós temos imprevistos diversos — e muitos deles podem vir acompanhados de um gasto inesperado. Logo, a reserva é fundamental pra evitar problemas ainda maiores.
A título de exemplo, pense na última vez que você precisou ir à farmácia ou consertar o carro. São custos que aparecem com certa frequência, mas que nem sempre eram planejados. No final do mês, então, o salário parece não dar conta das despesas.
Pra quem deseja guardar dinheiro — seja na poupança, seja em outro lugar — pra comprar algo ou investir em uma formação pessoal, por exemplo, esse tipo de evento pode ser bem frustrante. Agora, se temos uma reserva de emergência disponível, o próprio efeito psicológico pode ser mais leve e fácil de lidar. Mostraremos pra você por que isso acontece.
Pra que serve a reserva de emergência?
Uma maneira de olhar para a função da reserva de emergência é a mais óbvia: como o próprio nome diz, ela é focada nos momentos de emergência. Contudo, é possível entender ainda melhor sua função quando pensamos de maneira mais pragmática: sabemos que esses gastos aparecem, e o dinheiro precisa sair de algum lugar; logo, nada mais natural do que contabilizar esse valor e aprender a lidar melhor com ele.
Nesse sentido, a reserva de emergência serve pra dar mais autonomia e liberdade a cada um de nós. Não é à toa que ela é considerada uma ferramenta básica da educação financeira. Se sabemos que vamos pagar pelo remédio caso uma gripe apareça, por exemplo, nada mais natural do que reduzir o impacto desse gasto no nosso orçamento.
Isso envolve até mesmo uma redução de custos, já que as despesas inesperadas costumam parecer ainda maiores pra quem não está preparado. Se o cartão de crédito vem alto demais, por exemplo, qual será o impacto dos juros no mês seguinte, caso a gente não seja capaz de pagar a fatura toda?
Consertar o carro, fazer uma manutenção no apartamento, comprar um remédio ou mesmo organizar um almoço especial em família pra celebrar uma conquista: o que todas essas situações têm em comum é o gasto financeiro. E bem sabemos que é praticamente impossível passar um ano inteiro sem ser pego de surpresa por uma situação desse tipo.
Portanto, podemos concluir que a função da reserva de emergência é também estratégica: ela oferece a oportunidade da gente entender melhor nosso orçamento mensal e nossos gastos e, assim, ter uma vida financeira mais saudável e sem sustos.
Quais são os benefícios de ter uma boa reserva de emergência?
Um erro muito comum é acreditar que uma reserva financeira é uma ferramenta importante apenas pra quem investe em ações ou títulos em geral. Na verdade, o assunto é fundamental pra qualquer pessoa — e ainda mais pra quem anda em uma situação financeira mais apertada ou acredita não ter muita margem pra economizar dinheiro.
Como explicamos, a reserva ajuda a lidar com imprevistos. Então, um primeiro benefício é justamente não sermos surpreendidos por um problema que não somos capazes de resolver. Imagine, por exemplo, que você paga as despesas mensais da casa, a parcela da faculdade e o financiamento de um carro. Seu plano é quitar o veículo e concluir a faculdade pra buscar um aumento, dois fatores que vão gerar mais tranquilidade financeira.
O que acontece se o carro quebrar? Pra piorar, imagine que você depende dele pra trabalhar. É melhor nem pensarmos nisso, certo? O exemplo torna evidente que a reserva de emergência garante mais estabilidade. Dentro do seu planejamento atual, os riscos de algo dar errado são reduzidos.
Pra completar, é importante ter em mente que nossos planos dependem dessa estabilidade atual. Se você quer ter casa e carro próprios para sua família, a reserva de emergência é seu ponto de partida na hora de começar a guardar dinheiro — mesmo que esse planejamento não seja a curto prazo.
Quais problemas uma reserva de emergência pode evitar?
Citamos algumas situações bem ruins que uma reserva financeira ajuda a prevenir. Ainda assim, há um tipo de cenário que nem sempre as pessoas levam em consideração: o impacto financeiro que imprevistos podem gerar. Com ou sem uma reserva de emergência, é possível pagar um conserto no carro, por exemplo. Porém, será que vale a pena recorrer a um empréstimo como solução para aquele imprevisto?
Uma reserva de emergência resolve o problema, sem a necessidade de pagar juros no futuro. Além disso, é importante considerar que nem todo crédito é liberado instantaneamente. Se surge a necessidade de pagar por um remédio ou uma consulta médica de emergência, por exemplo, é crucial já ter o dinheiro em mãos.
Agora que já conversamos sobre a importância de desenvolver esse hábito, é hora da gente falar dos primeiros passos pra criar a própria reserva.
Qual deve ser o tamanho de uma reserva de emergência?
Antes de começar a guardar, é importante colocar em perspectiva os objetivos — ou seja, responder a uma pergunta básica: quanto precisamos ter na reserva de emergência? Não existe um valor exato, mas a estimativa pode ser feita com facilidade. Mostramos pra você como fazer isso!
A reserva de emergência tem como finalidade custear gastos imprevistos e cobrir eventuais despesas maiores do que o planejado. Nesse sentido, o valor varia de acordo com sua renda mensal. Em geral, a conta é simples: multiplique por 6 o custo mensal da pessoa ou família e você terá um montante satisfatório pra reduzir drasticamente os riscos.
Ainda assim, dois pontos principais merecem atenção especial. O primeiro é que, como você pôde ver, o cálculo é sobre a renda familiar. Em outras palavras, cada pessoa deve avaliar sua própria situação: um casal com filhos, por exemplo, deve somar a despesa de todos; uma pessoa solteira e que mora sozinha, por sua vez, deve colocar na ponta do lápis seus custos individuais.
O outro ponto ao qual precisamos ficar atentos é que essa relação familiar também pode variar. Quem ajuda financeiramente os pais ou outros parentes deve considerar esse custo no orçamento mensal; já quem divide a casa com outras pessoas que não são necessariamente da família não terá todos os custos compartilhados, mas alguma reserva deve ser feita para as despesas da casa.
O chamado coliving, ou moradia compartilhada, é uma tendência que cresce no Brasil, principalmente entre as pessoas mais jovens. Nesses casos, a vivência pode ser bastante diversa — mas as despesas de uma residência estão sempre lá, e os habitantes precisam encontrar um ponto de equilíbrio pra lidar com elas.
Quer um exemplo? Contratos de aluguel costumam exigir que, antes da devolução, o imóvel seja inteiramente repintado. Isso gera um custo que acaba pegando muita gente desprevenida. Logo, a reserva de dinheiro para a casa compartilhada é ideal pra quem quer seguir com a vida e levar consigo apenas as memórias positivas da experiência — e não uma dívida herdada de um empréstimo de emergência.
A referência, então, é 6 vezes o valor dos custos mensais da família. Veja um exemplo de cálculo:
Aluguel: R$900,00
Despesas (contas de luz, água, internet etc.): R$200,00
Financiamento do carro: R$400,00
Alimentação: R$250,00
Saúde: R$70,00
Total de despesas essenciais = 900 + 200 + 400 + 250 + 70
Total de despesas essenciais = R$1.820,00
Reserva de emergência = 6 × 1.820
Reserva de emergência = R$10.920,00
Viu como é simples? Agora, antes de correr ao caixa eletrônico ou ao banco pra depositar dinheiro na conta, confira qual é a melhor estratégia pra administrar esse dinheiro.
Onde deixar a reserva de emergência?
Uma característica importante da reserva é que ela deve ser constituída exclusivamente de dinheiro. Por mais que seja possível chamar de investimento um bem qualquer, como um veículo, imóvel, joias ou mesmo obras de arte, esses itens não podem fazer parte da reserva. O motivo é simples: leva tempo pra convertê-los em dinheiro, e esse mecanismo de emergência deve estar disponível pra uso imediato.
Você não pode pagar a conta da farmácia com produtos. Então, um primeiro ponto é ter em mente que o valor total não inclui bens: é apenas dinheiro. Depois, é hora de pensar no local de armazenamento.
A conta corrente é um lugar simplesmente impensável pra manter esse dinheiro. O primeiro motivo é a desvalorização: se o valor não está rendendo, estamos perdendo mensalmente um pouco dele. Outro ponto é o risco da gente misturar as coisas e gastar parte da reserva.
Seguindo essa lógica, a poupança tende a ser a primeira alternativa que vem à mente. Ainda assim, essa não necessariamente é a opção mais interessante financeiramente. Lembre-se que estamos falando de um investimento a longo prazo, no qual o dinheiro ficará parado por muito tempo. Logo, a inflação pode gerar mais desvalorização do que a taxa de retorno da poupança é capaz de compensar.
A dica, então, é buscar serviços de investimento de baixíssimo risco e alta liquidez. Um diferencial é poder resgatar o valor no mesmo dia, já que os imprevistos não esperam. Considerando que o objetivo da reserva de emergência não é necessariamente render muito, mas proteger o dinheiro da inflação, alguns produtos interessantes são:
Fundos de Renda Fixa;
Aplicações em Certificado de Depósito Bancário (CDB) do próprio banco;
Títulos Públicos do Tesouro.
Vale a pena conferir ainda as condições pra resgatar o dinheiro. Pra ter acesso a uma valorização maior, por exemplo, alguns investidores fazem aplicações se comprometendo a não movimentar o dinheiro por um certo intervalo de tempo — o que não é interessante no caso da reserva de emergência, que está lá justamente pra cobrir gastos inesperados.
Por fim, não se esqueça que estamos falando de aplicações muito mais acessíveis nos dias de hoje. Então, vale a pena tirar um tempo pra conhecer suas opções e encontrar aquela que atenda às suas necessidades com as melhores condições possíveis.
Agora sim, tudo pronto pra começar sua própria reserva. Vamos lá!
Quais são as 7 melhores práticas pra começar uma reserva de emergência?
É comum que algumas pessoas tentem criar uma reserva financeira simplesmente cortando aleatoriamente alguns gastos. Por mais que essa iniciativa tenha seu mérito, ela traz grandes riscos. O problema é que ela nos coloca em um caminho sem muita referência sobre aonde vamos chegar ou quando isso vai acontecer.
Quer mais tranquilidade? Siga estes passos!
1. Conheça suas despesas
Todo planejamento começa pela compreensão do cenário atual. Não é à toa que gestores e empreendedores estudam diversas estratégias e métodos, mas costumam iniciar o trabalho pela descrição da situação imediata. Em outras palavras, se quero melhorar os resultados das vendas na minha loja, é importante saber primeiro quanto estou vendendo, qual o custo disso e qual o retorno bruto atual.
No caso da reserva financeira, o primeiro passo é identificar suas despesas. Isso não pode ser feito com uma conta geral do tipo "eu ganho X e gasto mais ou menos Y todos os meses". É fundamental colocar os números no papel — ou, pra ser ainda melhor, em uma planilha ou aplicativo de gestão financeira.
O resultado costuma ser uma grande surpresa, pois a impressão que temos é que parte do nosso salário está desaparecendo. A realidade é que os pequenos gastos comprometem mais do que parece o nosso orçamento. Falaremos deles mais à frente.
Fez as contas? Ótimo! É hora de olhar para o saldo disponível.
2. Saiba quais são suas receitas
Entender em detalhes o quanto você ganha também é algo essencial que nem sempre recebe a devida atenção. A questão está nos pontos cegos: considerando os descontos do seu salário, você sabe exatamente qual a sua receita mensal?
Podemos ir além: observando os últimos 12 meses, é possível mapear outros ganhos, como um eventual 13º salário, Participação nos Lucros e Rendimentos (PLR) da empresa ou o adicional de férias. Lembre-se de não misturar os descontos relacionados a direitos trabalhistas com despesas pessoais, mesmo que elas já venham descontadas em folha — caso de empréstimos consignados e alguns financiamentos, por exemplo.
3. Crie seu planejamento financeiro
O próximo passo é relacionar suas receitas com seus gastos pra ter uma boa noção da margem disponível pra poupar. Isso passa diretamente pela criação de um planejamento financeiro, ferramenta que ajuda você a ter mais controle sobre as finanças.
Como mencionamos, usar uma planilha ou um aplicativo é uma ótima solução. Se puder, guarde essas informações na nuvem, pra evitar que um problema no computador ou celular comprometa o acesso ao seu planejamento.
Existem diversos aplicativos gratuitos de controle financeiro. Alguns deles têm até mesmo um recurso que integra a visualização das suas contas bancárias pra que, na mesma interface, você possa monitorar todos os saldos, as datas das suas faturas, as contas pagas etc.
4. Defina metas e objetivos
Passadas as primeiras etapas, você já sabe onde está e tem ferramentas pra gerenciar seus avanços — em outras palavras, é como ter em mãos o mapa da sua jornada. Porém, ele ainda está em branco. Na hora de preenchê-lo, é preciso definir seus objetivos, que representam os possíveis destinos dessa jornada, e as metas, que são os planos de curto e médio prazo (ou seja, onde você vai parar e como vai se locomover).
Vamos traduzir isso para a linguagem da reserva de emergência? Logo de cara, um primeiro objetivo é juntar o valor calculado, aquele mesmo de 6 vezes o custo total mensal. Isso não será feito em um único mês, certo? Então, é preciso definir algumas metas intermediárias pra, depois de um certo período, você chegar lá.
Uma referência adotada por quem poupa dinheiro é 1/6 do salário. Faça o exercício de calcular quanto seria esse valor e verificar se é possível encaixá-lo no seu planejamento. Não há fórmula mágica: alguns gastos precisarão ser enxugados.
Do ponto de vista do planejamento financeiro como um todo, outros objetivos e metas podem acompanhar a reserva de emergência. Você pode tentar quitar o carro, por exemplo, como objetivo de médio prazo; pra chegar lá, você pode estabelecer como meta poupar 70% do 13º salário. Os detalhes vão depender da sua situação e de quanto é capaz de economizar.
5. Defina prioridades
Quando lidamos com objetivos e metas, não podemos tentar abraçar o mundo: é importante definir prioridades realistas, para que o planejamento seja viável. Então, faça uma avaliação cuidadosa e coloque no papel aquilo que você não abre mão de alcançar. Da mesma forma, observe suas despesas e separe os gastos essenciais daqueles que podem ser reduzidos ou eliminados.
Por um lado, o famoso cafezinho pode estar custando caro no final do mês; por outro, ele pode ser parte fundamental da sua vida, um momento pra socializar e até mesmo fazer negócios. Cabe a cada um de nós colocar as coisas na balança e priorizar o essencial.
6. Não esqueça nenhum gasto
Quando pensamos em prioridades, o cafezinho, o almoço no restaurante e até aquela compra mensal pela internet costumam ser logo colocados em xeque. Contudo, nem só de pequenos gastos se faz um orçamento. Temos aqui mais um erro comum entre quem não está habituado a poupar: esquecer gastos sazonais.
Impostos como o IPTU, o IPVA e o licenciamento do carro são bons exemplos disso. Como não pagamos por eles o ano todo, podem passar despercebidos na análise inicial. Por isso, tenha em mente duas dicas: faça um levantamento de despesas cuidadoso e registre todos os dias os seus gastos, de maneira detalhada.
Das compras da Black Friday até a anuidade do seu antivírus, tudo deve ser anotado, calculado e previsto.
7. Mude hábitos
Junto ao planejamento financeiro, a disciplina é a melhor amiga de quem quer manter uma reserva de emergência e investir na realização dos sonhos. Entretanto, isso não significa que você deve se tornar uma pessoa fechada a quaisquer eventos que tragam consigo um custo. O ponto é saber trabalhar o psicológico pra mudar alguns hábitos.
Em vez de deixar de lado uma atividade, é importante substituí-la por outra. Exemplo: se você adora tomar um sorvete aos finais de semana, mas quer reduzir esse gasto, que tal pesquisar receitas caseiras e se aventurar na culinária? Assim, você encontra um equilíbrio entre poupar e fazer o que gosta.
Como você pode ver, a reserva de emergência nos coloca diante do desafio de controlar melhor nosso orçamento. Entre outros benefícios, essa jornada pode nos ajudar a realizar sonhos e ter uma vida mais tranquila, sem o risco de sofrer com imprevistos. Então, coloque essas dicas em prática e faça agora mesmo seu planejamento financeiro!
Se gostou do post, temos certeza de que vai gostar ainda mais de colocar as dicas que viu por aqui em prática. Baixe a nossa planilha de gastos e comece já a se organizar pra fazer uma reserva financeira!