A história do dinheiro no Brasil: conheça 6 fatos que você não sabia
Conhecer a história do dinheiro no Brasil vai surpreender você! Vamos contar detalhes sobre como começamos a fazer comércio, como o dinheiro ajudou a estabelecer formas mais justas de trocas e, de um modo simples, você vai entender como as relações econômicas permitidas pelo dinheiro melhoraram a vida de todos.
Esse é um modo interessante de observar a economia. Isso se você considerar o quanto ela estimula a cooperação entre as pessoas, independentemente das diferenças que existem entre elas, pois todas desejam viver melhor e, se prestarem bons serviços uma para as outras, recebem mais e têm mais condições de garantir uma boa qualidade de vida.
Ainda temos muito pra melhorar, mas ao descobrir como surgiu o dinheiro no Brasil e no mundo, você também vai perceber como ele foi e é importante para a sociedade, e não apenas para a economia. Vamos começar a viagem a mais de 4000 anos atrás. Embarque nessa com a gente!
1. Como as pessoas compravam antes do dinheiro?
Na sua condição mais primitiva, os seres humanos sobreviviam com base na caça, na pesca e na colheita de alimentos disponíveis na natureza, como frutas silvestres. Essa pode parecer uma vida tranquila e feliz, mas, na prática, ela não era nada romântica.
O frio, os predadores e a falta de alimentos eram problemas difíceis de resolver. Claro, essa condição criou estímulos para a formação de comunidades, tribos e clãs, mas isso não eliminava completamente o problema.
Com o passar do tempo e a evolução humana, alguns conseguiam se proteger melhor do frio, enquanto outros eram melhores com a criação de gado e alguns eram mestres em fazer pão.
Então, as sobras de produção começaram a ser trocadas, o que estimulou ainda mais a especialização. Depois disso, ninguém precisava ser bom em tudo, pois era possível se concentrar no que tinha condições de fazer melhor, pra produzir em quantidade e conseguir trocar o que sobrava por outras coisas que precisava.
O problema desse modelo é que não havia uma definição muito clara sobre o valor das coisas. Por exemplo, quantas galinhas equivalem a um boi? Ou quantas maçãs são necessárias pra comprar uma canoa? Consegue imaginar as brigas que esse cálculo podia gerar?
Outro problema é que as pessoas não tinham como se prevenir de períodos de dificuldade, como o inverno. Além das limitações técnicas, da ausência de equipamentos — como refrigeradores —, os produtos mais importantes eram perecíveis, impossíveis de acumular.
Mesmo os primeiros produtos de referência de valor, como o sal, tinham um período limitado de vida útil. Aliás, se isso é uma novidade pra você, saiba que o sal foi um dos primeiros itens a serem usados como uma referência. Os produtos tinham o valor determinado em sal, por isso que o pagamento mensal por um trabalho até hoje é chamado de salário.
Mas o calor e o tempo deterioram o sal, o que mantinha o problema da dificuldade de acumular riqueza — de poupar, de investir —, mesmo que esses conceitos não estivessem tão claros na mente de quem vivia na época.
Ou seja, as pessoas podiam não ter consciência do significado de fazer uma poupança, mas elas sentiam na pele a fome, quando não tinham estoque de alimentos, ou da possibilidade de fazer uma reserva de algo pra ser trocado por peles quentes e passar o inverno.
No geral, o que acontecia era que os mais fortes conseguiam uma melhor situação entre todos, mas ainda assim eram limitados pelas condições naturais. Em épocas de caça abundante, comiam relativamente bem, mas em períodos de falta de comida, muitos morriam.
De qualquer maneira, o sistema funcionava na base de trocas — especialmente de alimentos e depois que aprendemos a cultivar, o que mudou bastante a condição de vida das pessoas.
A primeira solução parecida com a do dinheiro, como conhecemos, foi implantada pelos babilônios. Isso ocorreu há 400 mil anos. Os agricultores depositavam sacos de grãos em armazéns mantidos pelo rei e, em troca, recebiam um tablete de argila com a quantidade de grãos depositados gravada.
Com o tempo, as pessoas passaram a pagar por serviços e a comprar coisas com os tabletes de argila. Quem acumulava esses pedaços da argila chegava a emprestar pra outras pessoas, pra que comprassem o que precisavam. Em troca, elas devolviam uma quantidade maior de tabletes. Ou seja, essa foi a primeira modalidade de empréstimo da história.
2. Quando surgiu o dinheiro?
Contudo, mesmo os tabletes de argila geravam problemas, pois podiam estragar e eram sustentados com base em depósito de perecíveis. Se grãos estragam atualmente, quando ficam muito tempo armazenados, imagine na época, com condições de higiene e conhecimento limitado.
Foi quando, muito antes do dinheiro em espécie, passamos a cunhar moedas. Elas surgiram na atual Turquia, no século VII A.C.. Basicamente, eles usavam metal cunhado com um martelo, o que permitia escrever o valor da moeda em símbolos.
Além disso, as moedas tinham o preço diferenciado em razão da nobreza do metal aplicado, como ouro, prata e, em um primeiro momento, cobre. Com o tempo, a necessidade de guardar as moedas em segurança deu origem aos bancos, que ofereciam recibos dos depósitos efetuados.
Esses recibos passaram a ser negociados e, com o tempo, surgiram as primeiras cédulas bancárias e as de papel moeda. Os primeiros bancos oficialmente reconhecidos surgiram em 1656, na Suécia, décadas depois na Inglaterra (1694), na França (1700) e, no Brasil, apenas no século seguinte, em 1808.
3. Quando o dinheiro chegou ao Brasil?
Muito antes da nota de 200 reais, o dinheiro circulou bastante por aqui, ainda que tenha demorado pra que tivéssemos um banco oficial. Logo após o descobrimento, as trocas comerciais eram limitadas às atividades de extração, comércio e exportação de pau-brasil, peles e animais nativos.
A maior parte do trabalho era feito por indígenas, que estavam acostumados com trocas e se maravilhavam com coisas que tinham pouco valor para os colonizadores, como espelhos, facas, anzóis e miudezas. Todos ouvimos sobre isso nas aulas de história, não é mesmo?
Conforme as terras passaram a ser ocupadas e a agricultura começou a se desenvolver, com o processo de colonização mais avançado, é que passamos a usar a moeda por aqui. Em 1568, a moeda portuguesa foi oficialmente adotada por determinação do rei, Dom Sebastião.
As peças eram cunhadas em ouro, prata e cobre em Portugal e trazidas pra cá pelos primeiros colonos. O nome? Você conhece bem: Real. Como por aqui a pronúncia era um pouco diferente, logo a moeda portuguesa passou a ser chamada de réis, o que foi oficializado em 1575.
De lá pra cá, tivemos diferentes experiências, como a moeda hispano-americana, que circulou por 200 anos como resultado de tratados entre a Espanha e Portugal. Com a invasão pontual de outros países, como Holanda e França, também circularam moedas desses países por aqui.
Ainda assim, a quantidade de moeda em circulação naquela época era pequena, o que garantiu que as trocas continuassem ocorrendo durante algum tempo, especialmente as de alimentos. Em 1694, Portugal inaugurou a primeira Casa da Moeda no Brasil e começou a fabricar as peças aqui.
Desde então, nossa moeda mudou de nome nove vezes e perdeu vários zeros, cortados por causa de anos convivendo com altos índices de inflação. Conforme a nossa moeda perdia valor, era preciso mais dinheiro pra comprar as mesmas coisas.
Pra evitar cálculos com números altos e diminuir a sensação de que o dinheiro valia menos, o recurso usado era o corte de zeros, ou seja, uma nota de 1000 passava a valer 10, depois de o governo cortar 2 zeros, por exemplo.
Mas essa é apenas uma curiosidade, que esperamos nunca mais se tornar uma realidade. Afinal, a inflação prejudica a todos, especialmente quem ganha pouco e não tem como se proteger da diminuição do poder de compra.
4. Como o dinheiro é fabricado no Brasil?
Pra continuar, vamos falar um pouco pra você sobre como é produzido o dinheiro. No Brasil, como em boa parte dos países, o dinheiro é produzido por uma instituição estatal, ou seja, que pertence ao governo.
Conhecida com o mesmo nome da primeira, que você já sabe, foi inaugurada em 1694, a Casa da Moeda do Brasil é responsável por todas as etapas de produção do dinheiro. As principais são:
impressão off-set: uma camada de segurança, invisível a olho nu, é o primeiro passo;
calcografia: depois de 2 dias, é incluída uma impressão em relevo;
finalização da impressão: são incluídas as impressões finais, com número de série e valor da nota, por exemplo;
verificação de qualidade: detalhes como o peso e a dimensão são conferidos pra verificar se o padrão das normas foi atendido;
conferência dos poros: máquinas especiais avaliam a porosidade e outros detalhes das notas;
testes finais: da acidez até a resistência das notas também são conferidas.
Ao todo, esse processo demora 12 dias, pois são várias camadas de impressão sobrepostas, que precisam ser feitas com um intervalo específico, respeitando o tempo de checagem.
Desde a origem da tinta e do papel, todo o processo é rigorosamente controlado. O objetivo é garantir a segurança e dificultar a falsificação da moeda.
O processo é tão complexo, que o dinheiro falso é feito com notas de outro valor, já que é difícil conseguir o papel e sai caro fazer todos os procedimentos. Mesmo assim, as réplicas nunca ficam perfeitas e são facilmente identificadas.
A emissão de papel moeda também é controlada e isso tem relação direta com a inflação. O órgão responsável por essa autorização é o Banco Central, mais precisamente o Conselho Monetário Nacional (CMN), que faz parte do Sistema Financeiro Nacional.
É que uma das características importantes para o funcionamento da economia é que a moeda seja escassa. Imprimir mais dinheiro não torna o país mais rico, pois não vamos produzir mais por causa disso.
Isso pode ser difícil de entender, mas conseguimos facilitar com um exemplo. Imagine uma comunidade que produza 1000 laranjas por mês e outra que fabrique 100 camisetas no mesmo período.
Qualquer uma delas vai ficar mais rica se conseguir produzir mais, pois terá mais unidades excedentes pra trocar, certo? No entanto, se elas usarem dinheiro pra fazer essa troca, imprimir mais dele não muda nada, pois vai sobrar papel, mas não haverá mais pra comprar.
Na economia como conhecemos, isso terá o efeito de diminuir o valor do dinheiro, como ocorre com tudo o que sobra e as pessoas não querem. Como ele está sobrando, os produtos acabam aumentando de preço, formando um ciclo que é considerado a principal causa de inflação.
5. Como acontece a distribuição do dinheiro?
A logística de distribuição do dinheiro também não é um processo simples. Imagine a dificuldade de garantir a quantidade certa, de cada uma das cédulas e por todo o país. Ainda mais se considerarmos que o dinheiro em espécie é o principal meio de pagamento pra 71% da população, conforme estudo do Instituto Locomotiva.
Essa preferência muda de região pra região e de acordo com o público e a cultura de cada local e grupo, mas todos precisam de dinheiro. Por isso, é possível que um bairro precise de mais notas de R$ 20, enquanto outra localidade tenha uma demanda maior por notas de R$ 100.
Cada região precisa de um atendimento compatível com a sua necessidade e o perfil das pessoas que vivem lá. Essa realidade se torna ainda mais complexa quando consideramos o tamanho do Brasil e as enormes diferenças sociais presentes em cada região.
Pra que tudo funcione perfeitamente, é preciso considerar cada detalhe e particularidade local, ao mesmo tempo em que toda a informação coletada no processo é transmitida pra programar tarefas diversas, como a reposição e a substituição das notas.
Pra entender melhor o processo, vamos conferir as etapas de distribuição do dinheiro. São elas:
autorização do Banco Central: é o BC que autoriza a produção e a distribuição de todo o dinheiro produzido;
produção na Casa da Moeda: em seguida, a produção do total determinado é feita conforme descrevemos no tópico anterior;
distribuição pra gerências técnicas: 9 cidades recebem o dinheiro a ser distribuído em cada região;
envio pra tesourarias regionais: então, as gerências enviam o dinheiro para as tesourarias, administradas pelo Banco do Brasil, que é a instituição responsável pela divisão do dinheiro circulante;
distribuição final: outras instituições financeiras recebem o dinheiro em agências bancárias, lotéricas e caixas eletrônicos.
Muitas das atividades necessárias à distribuição são executadas pelo Departamento do Meio Circulante (MECIR), com sede no Rio de Janeiro. O principal objetivo dessa instituição é garantir a qualidade e a quantidade na circulação da nossa moeda em todo o território brasileiro.
Essa não é uma tarefa fácil e envolve várias obrigações, que são:
atividade de pesquisa e desenvolvimento pra aprimorar as características das cédulas e moedas, incluindo design, gestão de fornecedores de insumos, controle de falsificação e análise pericial;
suprir a demanda por moeda com a aquisição, retirada e distribuição regionalizada por meio do Banco do Brasil;
receber, conferir, selecionar e trocar cédulas e moedas, destinando as danificadas pra destruição adequada;
supervisionar a circulação do dinheiro, fiscalizando diretamente o depósito de moeda em cada instituição responsável por sua guarda, com base na autorização do Banco Central pra essa distribuição;
divulgar os elementos de segurança da moeda, incentivar o uso das moedas metálicas e educar o público pra conservar o dinheiro — esse é um trabalho importante de
propaganda com função de educar as pessoas;
fornecer informações e apoio ao combate e falsificação, considerando as regras de sigilo e privacidade determinadas em lei;
guardar adequadamente valores em nome do Poder Judiciário e dos órgãos policiais.
Nesse processo logístico, o Banco24Horas também tem um papel muito importante, pois é responsável por boa parte da capilarização da moeda no país. Com caixas eletrônicos espalhados em boa parte das cidades, conseguimos contribuir pra que cada vez mais brasileiros tenham acesso fácil ao dinheiro em espécie.
6. Vale a pena usar dinheiro de papel?
Segundo o mesmo estudo que mencionamos no tópico anterior, do Instituto Locomotiva, o controle dos gastos é facilitado pelo uso do dinheiro vivo pra 77% dos brasileiros. Mas será que vale a pena andar com dinheiro na carteira? No lugar de usar exclusivamente os meios eletrônicos?
A melhor forma de responder a esse tipo de pergunta, quase sempre, é com um sonoro “depende”. Não faz muito sentido, por exemplo, pagar uma casa à vista com dinheiro vivo. Certo?
Ao mesmo tempo, comprar uma bala e pagar com boleto não faz sentido, afinal, o custo de emitir o documento é maior que o preço do produto. Isso sem contar o trabalho de emissão, a necessidade de impressão e outros detalhes.
Em outras palavras, usar dinheiro é mais prático na maioria das compras pequenas, enquanto é mais trabalhoso quando envolve altas quantias. Mas existem outras vantagens de usar dinheiro, dependendo da situação.
A ideia de que é mais fácil controlar os gastos, identificada na pesquisa, também é válida. Tem um aspecto psicológico envolvido e outro que a gente pode chamar de uma questão de utilidade. Quer ver?
Do aspecto psicológico, o dinheiro em espécie transmite uma maior sensação de que está sendo gasto. Você precisa pegar o dinheiro na carteira, contar, entregar e conferir o troco, quando for o caso. O dinheiro estava com você e agora não está mais.
Mas se você usa o cartão de débito, por exemplo, todo esse processo é eletrônico e a sensação de “perda” é menos evidente. Você gastou o dinheiro do mesmo jeito. Se usou o cartão de crédito, só vai pagar no vencimento, o que diminui ainda mais a percepção psicológica do gasto, mas ele ocorreu.
Além disso, do aspecto da utilidade, o controle é mais fácil porque não é preciso andar com mais dinheiro do que se pretende gastar. Alguém que saia a noite, por exemplo, pode se empolgar depois de beber um pouco ou porque a diversão está valendo a pena, e gastar mais do que poderia.
Se levasse o dinheiro contado, no limite do que poderia gastar, não teria o mesmo problema. Você pode pensar que isso é apenas uma questão de disciplina, o que não está errado. Ao mesmo tempo, o uso do dinheiro contato é uma boa forma de se educar e se disciplinar. Afinal, nem sempre é fácil construir bons hábitos.
Esse processo de educação financeira também inclui a percepção de que os excessos podem estar no acúmulo de pequenas despesas, no lugar de um ou outro grande gasto. A maioria das pessoas se surpreende quando anota todas as compras que faz — com data, descrição e valor —, pra somar no final do mês o quanto foi gasto com pequenas despesas.
Um café no meio da tarde, por exemplo, pode parecer inofensivo, mas se somar 2 ou 3 expressos por dia, vai notar que o total no mês é equivalente à parcela de um consórcio de moto.
Retirar dinheiro é fácil, ainda mais se fizer um saque no Banco24Horas, com máquinas instaladas em quantidade e em locais que você provavelmente precisa passar todos os dias. Então, a praticidade fica evidente em todos os sentidos.
Além disso, também existe uma relação complementar entre o uso do dinheiro e os meios eletrônicos de pagamento. A tecnologia é muito prática e está cada vez mais segura, mas existem limitações técnicas que eventualmente geram falhas no sistema. Quando ele fica fora do ar, o dinheiro é uma alternativa pra evitar problemas.
Outro detalhe importante é o custo do uso de meios de pagamento. Tanto do uso do sistema, quanto do tempo necessário para o recebimento. Especialmente em pequenos comércios, esses gastos costumam ser um fator negativo, mas é comum encontrar oportunidades de desconto pra pagamento em dinheiro, inclusive por parte de grandes empresas.
Além de tudo isso, as compras em dinheiro também garantem um pouco mais de privacidade. Nosso sistema legal garante sigilo bancário, o que é uma importante conquista do cidadão, mas ainda assim muita gente prefere evitar a impressão de comprovantes e o registro eletrônico de algumas despesas.
Pra terminar a nossa história do dinheiro no Brasil, ainda falta lembrar da importância de poupar. Esse não é um hábito muito comum entre nós, mas muda totalmente a nossa relação com o dinheiro, pois passamos a ganhar juros, no lugar de pagar por ele. Vale a pena usar o dinheiro vivo com o propósito de guardar um pouco todos os dias, pois essa economia pode ser conferida visualmente.
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