Como funciona a logística de distribuição do dinheiro?
Algumas coisas são tão naturalizadas no cotidiano que não percebemos sua importância, como a distribuição do dinheiro. Quer outro exemplo? Pra que a gente coma um pão quentinho pela manhã, um agricultor plantou e colheu o trigo. Já a cana usada para o açúcar deve ter vindo de um produtor da região central do Brasil.
Ou seja, pessoas de várias regiões, talvez até com crenças diferentes, se unem em torno de um propósito sem se dar conta, em uma ação cooperada pra produzir algo que as pessoas desejam. Pra que essa máquina funcione, cada uma das trocas do processo é equilibrada e medida com base na moeda.
É a distribuição do dinheiro que move esse fenômeno econômico. Entender isso também é aprender um pouco sobre economia, inclusão social, qualidade de vida e bem-estar. Vem com a gente neste artigo pra ficar por dentro do assunto!
O uso do dinheiro no Brasil
O site Poder 360 divulgou um estudo revelador do Instituto Locomotiva de 2019 sobre a circulação do dinheiro no Brasil. O nome da pesquisa é “Os brasileiros e o dinheiro em espécie” e informa, por exemplo, que 47 milhões de pessoas recebem seus salários em moeda corrente — considerando quem tem mais de 18 anos.
Além disso, 71% da população realiza pagamentos principalmente em dinheiro vivo, enquanto 77% dos brasileiros acreditam que isso facilita o controle dos gastos. Talvez porque o “dinheiro de plástico”, como alguns chamam os cartões de débito e crédito, não dá a sensação de perda, como quando entregamos uma nota. Afinal, o cartão volta para o bolso, mas o dinheiro, não.
A facilidade de conseguir descontos é outra vantagem apontada, dessa vez por 66% das pessoas entrevistadas. Talvez também como resultado da sensação do “dinheiro na mão”.
O caminho do dinheiro
Calma! O "caminho do dinheiro" não é nenhuma receita pra ficar rico. Na verdade, vamos ver o percurso que ele faz até chegar às suas mãos.
Bom, a realidade que contamos pra você no tópico anterior muda de acordo com a região, o nível de escolaridade dos moradores, a taxa de bancarização e o padrão social de cada população, mas o fato é que todos precisam de dinheiro em alguma quantidade.
Imagine, por exemplo, alguém que viva à beira do rio Amazonas. Ele mora em uma comunidade visitada por turistas de todo o mundo, graças ao trabalho social de um hotel localizado ali perto, o que gera uma renda extra.
Existe um banco na cidade, mas fica longe, e a pessoa em questão está entre aqueles mais de 70% que preferem usar dinheiro vivo. Consegue imaginar a complexidade que é fazer com que o dinheiro chegue por ali? E em cada outro cantinho do país?
É lógico que o caso do nosso exemplo não é o mais comum, mas o Brasil ocupa boa parte do continente, e não existe uma solução de logística simples, se você considerar os diferentes meios de transporte, os desafios regionais, as necessidades locais e cada uma das particularidades encontradas nas várias realidades. Quer ver? Vamos descrever as etapas dessa distribuição.
Autorização do Banco Central
Pra enfrentar esse desafio, tudo começa com uma determinação do Banco Central do Brasil (BC), que estabelece a quantidade de dinheiro necessária e todos os detalhes da produção.
A nota de R$2, por exemplo, que é uma das mais usadas no dia a dia, foi uma solução elaborada em 2001 com o objetivo de gerar economia na logística e na impressão. Antes dela, pra cada R$2, era necessário produzir duas notas de R$1. O BC faz uma conta complexa pra determinar a quantidade de dinheiro que deve circular.
Produção na Casa da Moeda
Depois disso, o BC solicita à Casa da Moeda, única responsável pela impressão, a produção de novas cédulas, que é centralizada no Rio de Janeiro, sob um rígido controle e alta segurança.
Distribuição para as gerências técnicas
Quando termina de ser impresso, o dinheiro é enviado pra nove cidades, nas quais existem gerências técnicas do MECIR - Departamento do Meio Circulante, que são:
Belém;
Belo Horizonte;
Brasília;
Curitiba;
Fortaleza;
Porto Alegre;
Recife;
Salvador;
São Paulo.
Envio para as tesourarias regionais
A distribuição continua com a transferência para o Banco do Brasil, que é quem repassa o dinheiro pra todas as outras instituições financeiras. Em cada um desses trajetos, o sistema de distribuição conta com outros agentes importantíssimos: as empresas de transporte de valores, que usam os populares carros-fortes. São elas que fazem a conexão entre cada uma das instituições envolvidas na distribuição do dinheiro.
Distribuição para uso no país inteiro
Antes do consumidor sacar dinheiro, as últimas paradas são as agências bancárias, as lotéricas e os caixas eletrônicos. Falando nisto, os caixas do Banco24Horas são responsáveis por boa parte da capilarização do papel-moeda no Brasil, ou seja, por uma distribuição abrangente da moeda.
Buscamos alcançar cada localidade, mesmo as mais distantes. Inclusive, em muitas cidades do interior, os caixas do Banco24Horas são as principais opções de acesso a serviços bancários.
Por fim, o último meio de distribuição é a própria população, que vai trocar as cédulas de papel por produtos e serviços, o que pode dar a impressão de que a quantidade de dinheiro produzida é baixa. Não se engane, o papel tem vida útil e precisará ser substituído. O processo está sempre se renovando.
👉 Para complementar: preparamos um resumo em vídeo pra você ver os principais pontos do ciclo de emissão de notas no Brasil. Bora assistir?
Quais são as principais medidas de segurança do processo?
A segurança começa desde a impressão e a autorização pra que isso aconteça. O Banco Central não autoriza a impressão desmedida de dinheiro, pois isso pode ter efeitos negativos na economia. E é importante saber que o cálculo da quantidade de dinheiro em circulação tem efeitos na economia.
Outras medidas de segurança pouco conhecidas envolvem todo o processo de impressão. Até mesmo as tintas compradas correspondem a especificações químicas precisas, o que ajuda a dificultar a falsificação. O próprio processo de compra é controlado, e as informações são sigilosas. Ou seja, desde o projeto gráfico até a compra do papel e da tinta, tudo é controlado, registrado e auditado.
Mas há ainda a preocupação com o transporte, que depende dos carros blindados, de um treinamento exigente e de muita inteligência em segurança. Cada vez mais, a inovação ajuda nessa vigilância com tecnologias novas.
Apesar do desafio, participar do processo de distribuição do dinheiro é um orgulho pra gente, que sabe a diferença que faz levar o dinheiro pra vários lugares, com rapidez e regularidade. A inclusão social e as trocas que as pessoas fazem voluntariamente dependem disso, inclusive lá no rio Amazonas.
Esse final lembrou a gente de outro tema ótimo aqui do blog. Você não pode deixar de saber tudo sobre a economia compartilhada e como ela acontece na prática.