Dinheiro em espécie: como o papel-moeda chegou ao Brasil?
A série “Dinheiro em espécie” chega ao seu terceiro artigo com um assunto bem próximo de todos nós: a introdução do papel-moeda no Brasil. Depois de entendermos como o dinheiro surgiu e ganhou popularidade mundo afora, chegou a vez de olharmos para a sua evolução em nossas terras e falarmos das suas particularidades por aqui.
O papel-moeda na economia brasileira
Em nosso país, as moedas de prata e ouro guiaram as transações comerciais até o século XVII. A partir de 1700, a utilização das moedas não foi suficiente dada a sua pouca disponibilidade.
Quando a família real chegou no Brasil (1808), a modernização do sistema monetário tornou-se necessária. O então rei de Portugal, Dom João VI, criou o Banco do Brasil, que se tornou o emissor das cédulas. Era preciso considerar o volume de ouro existente nos cofres públicos para emitir dinheiro em espécie.
Quando D. João VI deixou o país, começou uma crise na economia. Ao retornar para Portugal, ele tinha explorado as reservas de ouro que estavam disponíveis em nosso território. Consequentemente, o dinheiro em papel passou por um processo de desvalorização, a inflação aumentou muito e ocorreram diversas revoltas que se estenderam do Primeiro Reinado (sob comando de Dom Pedro I) ao Período Regencial (entre 1831 e 1840, o Brasil foi governado por regências, pois o herdeiro do trono, Dom Pedro II, era menor de idade).
No Segundo Reinado, a produção de café melhorou. Por outro lado, os empréstimos internacionais e a exportação no setor do agronegócio levaram a um processo sistemático de desvalorização das cédulas. E assim foram os primeiros 100 anos do papel-moeda brasileiro.
Emissão do papel-moeda no Brasil
No Brasil, as primeiras notas foram emitidas pelo Banco do Brasil em 1810. O valor, contudo, era preenchido manualmente, como os cheques de hoje – o que facilitava as falsificações.
A impressão de dinheiro em espécie ocorre na Casa da Moeda a pedido do Banco Central do Brasil. Ele é responsável por uma análise criteriosa que identifica qual a quantidade de cédulas a serem fabricadas. Esse controle é necessário porque muito dinheiro circulando tende a provocar a desvalorização da moeda e o aumento da inflação.
O dinheiro em espécie em nosso país apresenta hoje diversos recursos de segurança (como alto relevo, marca d'água e microimpressões), a efígie da República em um lado e, no outro, animais da nossa fauna nacional:
R$ 2,00: tartaruga-pente;
R$ 5,00: garça;
R$ 10,00: arara;
R$ 20,00: mico-leão-dourado;
R$ 50,00: onça-pintada;
R$ 100,00: peixe garoupa;
R$ 200,00: lobo-guará.
As moedas, por sua vez, retratam algumas personalidades, como:
R$ 0,01: Pedro Álvares Cabral;
R$ 0,05: Tiradentes (José Joaquim da Silva Xavier);
R$ 0,10: Dom Pedro I;
R$ 0,25: Marechal Deodoro da Fonseca;
R$ 0,50: José Maria da Silva Paranhos Júnior (Barão do Rio Branco).
Até 2005, era fabricada a nota de R$ 1,00, que tinha a imagem do beija-flor. Mas ela foi trocada pela moeda de mesmo valor com a efígie da República.
Curiosidade: o rosto da República nas cédulas e moedas brasileiras foi inspirado na imagem da Liberdade (representada em uma pintura de Eugène Delacroix como uma mulher que guia o povo francês).
Entendemos até aqui, como o dinheiro em espécie surgiu e ganhou evoluções ao longo da história brasileira e mundial. Nos nossos próximos artigos da série, apresentaremos as vantagens que essa forma de pagamento proporciona para a economia e sociedade. Não perca!
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